domingo, 11 de janeiro de 2009

uma pequena homenagem

"(...) - Tu é um absurdo pra mim.

Eu adorava quando tu me dizia isso, eu adorava ser isso: um absurdo. E eu era muito mais que isso; era tua pressa, tua gritaria, tua dor, tua sangria. Eu era tua. E até nas vezes que tu não me queria, tu não conseguia me dizer não. Porque todos os nossos nãos eram meus, e pra mim, você só dizia sim. Reclamava comigo porque eu não conseguia ouvir uma música inteira, dormia balançando a perna, falava no meio do filme, cantava desafinando e jogava o cabelo na tua cara de manhã cedo; mas nunca me dizia não. E eu nunca tive certeza disso enquanto a nossa vida era uma vida só. Tu nunca deixava eu ter certeza, porque sabia do meu pavor de certeza. Eu precisava sempre da dúvida. A dúvida sempre me foi muito mais atraente. E mesmo tu me olhando com a maior cara de apaixonado do mundo, eu duvidava que você me amava. Passei todos os nossos dias duvidando, e hoje, logo hoje, resolvi abrigar a certeza do teu amor, dar-lhe um quarto de hóspedes, comida chinesa e minha coleção de dvds, porque com tudo isso, ela não vai embora nunca mais. Porque nessa terra fria, essa certeza me faz dormir em paz. E logo antes de dormir, eu lembro que, enquanto algumas pessoas ganham o amor à prestação, eu ganhei de uma vez só, à vista. E sem desconto de 10%. Todo amor que houver nessa vida, já houve pra mim. Ponto final. Não tem outro nem outros, because babe, it’s you."



ela já sabe do que do estou falando.

Da série Oldies I

Eu queria dizer a ele que o deixei porque tomei um banho de coragem heróica e resolvi viver, porém mais uma vez fui covarde e não consegui. E aquele silêncio me incomodava muito. Demais até. Mandei que ele me xingasse, me desconstruísse na sua memória, que retribuísse na mesma moeda ou até pior o que eu tinha feito. Mas ele ainda se reprimia. Mesmo assim, não desisti e só bati a porta quando ele arregalou os olhos, ficou com o rosto em brasa e fez exatamente o que sempre fazia: me obedeceu.




(2007)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Da série Diálogos Interessantíssimos IV

- Po, esse negócio de Lei Seca é foda mesmo, me obrigou a abrir mão de um dos meus vícios!
- O de beber, né?
- Não, o de dirigir mesmo...