domingo, 26 de abril de 2009

Nada vai acontecer, não tema

(...) Eu quero um samba pra me aquecer
Quero algo pra beber, quero você
Peça tudo que quiser
Quantos sambas aguentar dançar
Mas não esqueça do seu trato, da hora de parar
Só vamos embora quando tudo terminar...

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Aliança na mão direita,

casamento marcado com o homem da sua vida. Não tirava-a do dedo em hipótese alguma. Nem banho, nem lavar prato, nem plantar gerânios; nada. Perguntavam: quem é o noivo? Ela ficava calada e apenas sorria, baixando a cabeça como quem diz: um dia vocês vão ver. As amigas riam secretamente e comentavam que ela devia estar louca de achar que estava noiva sem nem mesmo ter namorado, boyzinho, paquerinha, nada, como é que pode? Era de domínio geral que ela era uma moça ajuizada, centrada na vida, dessas que nunca deram nenhum desgosto aos pais, sabe? Não bebia, não fumava, não chegava de madrugada como as outras meninas da sua idade. Já tinha o enxoval quase todo pronto, vinha preparando tudo desde os doze anos. Certo, Lara, eu entendo que você quer muito casar, toda mulher sonha com isso, mas diga só pra mim: quem é o noivo? Não conto a ninguém, juro. E outra: se vocês já tão em vias de se casar, por que você esconde tanto ele? Tem medo de inveja, olho-gordo, zica, galinha preta na porta de casa? Só pode ser, vergonha de apresentar eu sei que não é, porque você é do tipo que não tem vergonha de nada quando gosta da pessoa, além do mais, nem eu nem nenhuma das meninas ia ficar julgando o cara que você escolheu pra chamar de seu pro resto da vida. Pra que tanto mistério então? Já que você insiste tanto, eu vou te contar, mas só se você for comigo na loja escolher o meu vestido de noiva. Provou um, dois, três, vários, até escolher um curto e tomara-que-caia, daqueles que têm a cauda mais longa que a parte da frente, completamente diferente do estilo de roupas que sempre usava. Você vai mesmo usar esse vestido? O tal seu noivo não vai reclamar? Não, não, ele é desses homens que fazem tudo pela felicidade da sua escolhida. Não necessariamente a felicidade, mas ele atende a todos os desejos da mulher, melhor dizendo. Nossa, se ele é tudo isso que você ta dizendo, eu até entendo você querer escondê-lo de todo mundo. Ele é sim. No caminho de volta pra casa, ela veio contando o quanto o seu noivo era bonito, atraente e dono daqueles olhos que fazem qualquer mulher perder os brincos, os sapatos, e até as estribeiras. Mas pelo menos sua mãe já o conheceu? Ainda não, vai ser surpresa inclusive pra ela. Me desculpa a sinceridade, mas você não acha que isso é loucura, não? Casar com um cara que ninguém conhece, ninguém deu a aprovação e que você não sabe se vai conseguir te fazer feliz? Há quanto tempo você conhece ele? Eu acho arriscado demais. Eu ainda o conheço muito pouco, pra ser honesta, mas o pouco que eu vi, já me convenceu de que era exatamente isso que eu passei a minha vida toda procurando. Ele é um homem tão difícil quanto sedutor, é quase impossível resistir a ele. Na verdade, eu não sei nem o seu sobrenome, mas acho que quando eu disser o primeiro nome, você já vai reconhecer porque, no fundo, todo mundo o conhece em algum momento da vida. No meu caso, foi agora e eu gostei tanto que já estou até de casamento marcado e malas prontas para seguir nele. Não seria “seguir com ele”? Não, seguir nele. Hã? Como assim? Vai falando logo, você já ta começando a me assustar. Não se preocupe, minha amiga, eu vou com ele, mas eu volto. Eu preciso fazer isso agora, preciso ir com ele para chegar até mim mesma. É que só agora eu tenho coragem de assumir esse compromisso, o compromisso da vida como ela realmente é, a vida pela vida, você me entende? Não, não entendo, preciso urgentemente que você me explique. É muito simples: amanhã eu visto meu vestido de noiva, pego minhas malas e parto. Amanhã? O casamento não vai ser aqui? Não vai ter festa, madrinha, igreja, nada? Que história é essa? Na verdade, eu vou casar fugida, é o único jeito que esse casamento tem de realmente acontecer, de outra forma fica impossível. E eu, as meninas, tua mãe, tuas irmãs, teu pai? Vão ter que me esperar voltar do lado de lá, isso se eu voltar, porque ás vezes esse é um caminho sem volta. Pelo amor de deus, Lara, quem é esse homem e o que ele fez com você? O nome dele é Desatino e eu vou partir para a loucura com ele amanhã de manhã cedo. Satisfeita?

segunda-feira, 20 de abril de 2009

inverno

No dia em que fui mais feliz eu vi uma avião se espelhar no seu olhar até sumir. De lá pra cá não sei, caminho ao longo do canal, faço longas cartas pra ninguém e o inverno no leblon é quase glacial. Há algo que jamais se esclareceu: onde foi exatamente que larguei naquele dia mesmo o leão que sempre cavalguei? Lá mesmo esqueci que o destino sempre me quis só, no deserto sem saudade, sem remorso, só, sem amarras, barco embriagado ao mar. Não sei o que em mim só quer me lembrar que um dia o céu reuniu-se à Terra um instante por nós dois pouco antes do acidente se assombrar...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

"estamos exatamente no mesmo lugar."

Estava aqui escrevendo uma outra coisa que não tem nada a ver com você quando você apareceu na minha janela mais como um relâmpago do que como um raio de sol, menos amoroso do que eu gostaria, mais me chacoalhando do que me alisando, como é bem do seu feitio. Porque você sempre vem como um furacão: vem pra varrer tudo, pra destruir a mureta que eu demorei noites e noites construindo. Você é tão mimado que quer tudo do seu jeito, aqui, agora, e é assim que tem que ser e pronto. Você é tão assim que nem tem vergonha de ser. Aí você bate de frente comigo que sou carne de pescoço e, assim como você, “don’t hide from a fight” e pronto, começou. De repente estamos num ringue, numa corda bamba esticada, usando palavras suas, e tem início uma briga intelectual, uma Revolução Gloriosa dos anos 2000, sem sangue nem troca de ofensas, uma coisa no melhor estilo “eu-te-derrubo-com-mais-frases-de-efeito-que-as-suas” em que nenhum dos dois sai ganhando: eu saio me doendo de você ser assim tão inteligente, mas tão chato quando quer ser e você se doendo com essa história de eu descrever precisamente suas atitudes e pensamentos mais secretos por te conhecer até quando nem você se conhece. Termina que os dois vão se doendo mais ainda por nos amarmos tanto apesar de trocarmos tantas tapas na cara travestidas de palavras bonitas. Você diz que sente muito a minha falta, eu digo que vejo você em muita coisa que não comentaria com mais ninguém a não ser você, mas a gente continua um pra cada lado. Você diz que admira a forma como eu consigo sentir tanta coisa por trás de um sarcasmo ridículo e que não dorme nunca e eu digo que morro de inveja de como você consegue dizer tanto tudo a tanta gente. Porque eu digo pela metade ou então eu fico escondendo dentro dos bolsos da minha calça. Você não: joga tudo pra cima com um rodopio e sopra teus sentimentos no ar até eles fazerem um redemoinho e caírem bem no meu colo. E é bem aqui, no meu colo, que eu sempre te sinto desde o dia em que aceitei te proteger e ser tua capa de chuva cheia de bolinhas coloridas, por mais que você esteja longe de mim ou embaixo de um sol torrando o quengo e nem precise de capa de chuva. Porque são os teus erros que me aproximam de tu, eu desço pro inferno, olho ao redor e digo "que coisa ridícula, saia dessa" como eu fazia aos 15, 16 e te trago de volta, mesmo quando você nem percebe, exatamente como agora.

terça-feira, 14 de abril de 2009

aí é golpe baixo, dr. karev!

- Listen. You had that heart patient and it reminded you of Denny and how bad you felt when you were lying on that bathroom floor. I get that! I get that you're scared. But you're not going to have to feel like that again. Because I'm not going to die, Iz. And I'm not gonna cheat on you, and I'm not gonna go anywhere! 'Cause, I think you're my best shot at... I think with you, you make me better. You make me wanna be better. You make me want to be good. And I think I can with you, I think I can. So I'm not going anywhere, and you can stop hiding. And if you wanna be scared, that's okay, just be scared with me. Be scared while you scrub in with me on my first solo surgery, ok?
- You love me.
- Shut up.




morri.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Diálogos interessantíssimos IX

- O teu problema é o estrógeno, que te deixa com os nervos assim.
- Não, o meu problema é a tequila mesmo.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

like a star

- Tu não baixa a guarda, né?
- Nunca.
- Nem mesmo pra mim.
- Muito menos pra você.
- Por quê?
- Porque, se não for assim, não sou eu.
- Eu já sei muito bem quem você é, entre a gente não tem mais isso de querer esconder ou provar uma ou outra coisa.
- É, eu sei.
- Então por que você continua mascarando tanto o que sente?
- Porque eu tenho muito a perder. É tanta coisa que eu tenho pra te dizer, mas tanta, que eu prefiro não dizer nada e ver se meu silêncio fala mais alto do que eu.

terça-feira, 7 de abril de 2009

this calls for a toast, so pour the champagne!

Reviravolta, roda gigante, movimento. Tudo isso diz muito sobre nós duas. A gente não pára quieta nem um segundo e eu fico feliz de pensar que mesmo nessa nossa agonia tão típica, a gente conseguiu encontrar nosso próprio ritmo, o nosso samba do coração, a poesia escondida na instituição carro, nos diálogos interessantíssimos que a gente tem com pessoas igualmente interessantíssimas (you know what I mean, right?), nas bizarrices que a gente vê todo dia naquele planeta à parte, naquelas nossas conversas que sempre terminam em risadas ou em perguntas sem resposta que a gente lança no ar só pra no outro dia contar à outra que passamos a noite inteira pensando sobre o assunto e não chegamos a absolutamente nenhuma conclusão. Pra mim, não é mera coincidência que a gente nasceu tão perto: a gente é guiada pela mesma estrela, provavelmente a mais agitada do céu inteiro e é ela que nos mantém sempre unidas seja no bueiro profundo ou em cima do salto, seja na Nox naquela festa gay ou no Garagem depois daquele sambalanço, seja no frio do avião ou no calor do Dois Irmãos/Rui Barbosa. É automático: quando eu olho pra você, me vem logo aquele calor no coração, eu gosto demais do que eu vejo dentro dos teus olhos escuros, e sou sempre contagiada pela tua energia solar, aquela que vai iluminando e aquecendo tudo ao seu redor sem deixar nenhuma sombra escura. Eu sempre te digo que as amizades mais fortes são aquelas que se fundam na dor ou nos momentos de grandes emoções e, sendo assim, a nossa amizade é feita de pedra e cimento, não tem terremoto ou tsunami que derrube o castelo que a gente construiu pra morarmos juntas e ter sucrilhos com leite e batatas-sorriso dentro daquela nossa geladeira dividida e cheia de enfeites. O nosso encontro e a vida que a gente construiu juntas vêm pra provar que até mesmo a matemática pode estar errada e que duas retas paralelas se encontram, sim, em algum ponto antes do infinito. E a gente se encontrou. Aliás, se reconheceu. Ou seriam os dois? Não importa, o negócio é que eu te amo e me orgulho cada vez mais de fazer parte desse caldeirão borbulhante que é a tua vida. Happy birthday, branquelinha.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Vai dormir, pensamento

E vê se me deixa dormir também!