segunda-feira, 25 de maio de 2009

sempre caio

(...) não dizer nada, fechar os olhos, ouvir o barulho do mar, fingindo dormir, que está tudo bem, os hematomas no plexo solar, o coração rasgado, tudo bem.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

me dê uma cachaça,

(me dê uma cachaça!)



eu tô amargo demais pra beber cerveja...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Para a menina de cabelo enroladinho,

você sabe bem porque.



E se você era meu protetor, eu aceitava ser o seu mascote, aquela que você defenderia até a morte, custe o que custasse. Aliás, aceitava não: eu gostava, fazia até questão que fosse assim. Você era o meu pastor e nada me faltava. Eu não sentia fome, frio nem dor: você chegava antes. Vinha correndo, largava o cavalo branco que queriam que você cavalgasse pra ficar mais bonito, mais pomposo e sei-lá-mais-o-quê e vinha no pé ou então nos pedais daquela sua caloi vermelha e branca. Eu só sentia você, amor por você, paixão por você, adoração por você, você.

E se você era o meu menino, eu era tua menina e escrevia nossos nomes num papel branco e fazia um coração com uma seta perfurando, assim bem cafoninha mesmo, coitada. Dez segundos depois, rasgava o papel pra ninguém ver e prometia pra mim mesma que ia crescer e ia parar de ser besta desse jeito. No outro dia, eu ficava morrendo de ciúme das outras menininhas que vinham te paquerar e com quem você, menino que era, acabava ficando só pra mostrar pros outros meninos que podia. Aí ficava me provocando: conversava e olhava pra mim, passava bem do meu lado com a escolhida da vez e a beijava logo atrás de mim na fila do lanche. Pois tá certo, deixa estar.


E se você tinha alguma namorada, eu era tua amiga fiel e companheira, mais fiel que balança e escutava as tuas confidências todas nas nossas conversas telefônicas. Você dizia que não havia ninguém no mundo que te entendesse tanto e que sem mim você não saberia como ia ser. Dizia que ia me levar pra todo canto com você, que ia me proteger, que a gente era aquela coisa “na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, amém”. Aí, quando eu já tava completamente desarmada, tirava o punhal prateado do bolso e me matava com um só golpe: eu te amo. Você não imagina o que eu sentia quando você dizia isso. Eu nunca menti quando dizia que também te amava, mas acho que pelo menos uns 10 desses mais de 15kg que ganhei nesses anos todos foi por ter engolido por tanto tempo tudo o que sentia por você, ninguém me convence do contrário.


E se você era alguma coisa, eu era qualquer outra coisa que remetesse a você de algum jeito. Até o dia em que te liguei uma noite e disse: tô indo embora amanhã. Tua voz surpresa e cheia de perguntas do outro lado fez muito mais difícil a minha partida, tenho que admitir isso, mas a passagem marcada, a estadia garantida e a necessidade da fuga falaram mais alto e eu vim pra cá. Eu fui covarde o suficiente para só conseguir te contar na véspera, que era pra você nem ter chances de tentar me convencer a ficar. E mais covarde ainda em te mentir a hora do meu voo, pra que você não chegasse a tempo de me dar o último beijo. Eu sei que você até hoje não me perdoa por isso, mas eu precisei ser egoísta essa única vez na minha vida. Te explico: eu preferi não te ver nem receber teu último beijo pra que pudesse viver eternamente o meu último beijo em você.
E é dele que venho vivendo até então.




Não é uma daquelas minhas cartinhas de amor típicas, mas é pra você, pensando em você e fazendo de você inspiração pra poesia, que é o que tu representa pra mim.
te amo, pretinha!