quarta-feira, 17 de junho de 2009

“Love me if you dare”

Eu vi essa frase escrita numa árvore aqui na rua e não pude parar de pensar. Fui até a praça, à padaria que é um pouco mais cara, mas tem um doce que parece com o que minha mãe fazia e passei por aquela rua cheia de lojas onde nunca entro, mas olho sempre que quero me sentir um pouquinho menos infeliz. Quem teria escrito aquilo ali? Não importa. A verdade é que eu tô cansada de viver lembrando de esquecer tudo o que vivi, o que fui, o que e quem eu deixei pra trás. Hoje eu quero lembrar. Quero dar à minha memória o enorme prazer de ser quem ela é, chega de repressão, proibição, censura, não. Só lembranças.

Durante um ano, todos os dias eu ia à estação esperar teu sobretudo preto e teus cabelos castanhos saírem de dentro do trem lotado. Verificava a caixa do correio a cada três dias em busca de algum vestígio de você. Mas, com o passar do tempo, eu fui obrigada a te ter apenas nas lembranças daquelas tardes em que eu vestia somente uma camisa tua, subia em cima da cama e lia Gramsci pra você, fazendo de conta que tava em cima de um palanque. E quando você me olhava com a maior cara de bobo do mundo, eu sentava no teu colo, segurava teu queixo e dizia: vem comigo. E antes mesmo que você começasse a falar, eu dizia que não te ofereceria nada mais que o nosso apartamento, as noites de frio regadas a vinho e violão antes de dormir e os nossos pés marcando na neve os caminhos que percorreríamos juntos. Você apenas balançava a cabeça e fazia dos teus beijos sins para os meus ouvidos.

Um vento frio invadiu a minha janela e me fez derramar café em cima das cartas que jamais enviei a você, e que tava relendo antes de te escrever isso tudo. Até do café daí eu sinto saudades. E isso me lembra daquela cafeteira super chique que tinha na sua casa, aquela que você me contou que sua mãe tinha trazido de Roma quando tinha ido ver o papa. Eu já vi o papa, sabia? Aqui é tudo muito perto e a passagem de trem é barata. É que eu continuo sendo intolerante demais como você dizia e precisava ver de perto o homem que simboliza tudo aquilo em que eu não acredito. Eu continuo enchendo minha estante de livros que provavelmente nunca vou ler, bebendo whisky quando vou aos bares e fumando muito, já que cigarro é bem mais em conta por aqui também. Minha gastrite piorou e eu acordo com a respiração cansada quando faz muito frio, além de ter aquelas enxaquecas horríveis quando me estresso demais. Pois é, eu não mudei quase nada. Sim, eu ainda tenho o meu mural de fotos daqueles homens que eu admirava tanto e dos quais eu sempre te falava. Mas sonhar, eu não sonho mais: coração enferrujado não bate.

amor, amor

Meu caminho nesse mundo, eu sei, vai ter um brilho incerto e louco dos que nunca perdem pouco, nunca levam pouco. Mas se um dia eu me der bem, vai ser sem jogo.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

6

eu não sabia explicar o que tava sentindo
umas idéias meio tortas e a língua já querendo se soltar
todo mundo dizendo que não
eu dizendo que sim, por favor sim, só você sim
ando, como, danço, escrevo, durmo
me mordendo de vontade
o tempo todo de te dizer:

sexta-feira, 5 de junho de 2009

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão.

Vinícius de Moraes realmente sabe das coisas e arruma um jeito de me dizer exatamente o que eu preciso ouvir, mesmo quando eu nem quero. Fazer o quê? Áries com ascendente em sagitário é assim mesmo.