quarta-feira, 15 de abril de 2009

"estamos exatamente no mesmo lugar."

Estava aqui escrevendo uma outra coisa que não tem nada a ver com você quando você apareceu na minha janela mais como um relâmpago do que como um raio de sol, menos amoroso do que eu gostaria, mais me chacoalhando do que me alisando, como é bem do seu feitio. Porque você sempre vem como um furacão: vem pra varrer tudo, pra destruir a mureta que eu demorei noites e noites construindo. Você é tão mimado que quer tudo do seu jeito, aqui, agora, e é assim que tem que ser e pronto. Você é tão assim que nem tem vergonha de ser. Aí você bate de frente comigo que sou carne de pescoço e, assim como você, “don’t hide from a fight” e pronto, começou. De repente estamos num ringue, numa corda bamba esticada, usando palavras suas, e tem início uma briga intelectual, uma Revolução Gloriosa dos anos 2000, sem sangue nem troca de ofensas, uma coisa no melhor estilo “eu-te-derrubo-com-mais-frases-de-efeito-que-as-suas” em que nenhum dos dois sai ganhando: eu saio me doendo de você ser assim tão inteligente, mas tão chato quando quer ser e você se doendo com essa história de eu descrever precisamente suas atitudes e pensamentos mais secretos por te conhecer até quando nem você se conhece. Termina que os dois vão se doendo mais ainda por nos amarmos tanto apesar de trocarmos tantas tapas na cara travestidas de palavras bonitas. Você diz que sente muito a minha falta, eu digo que vejo você em muita coisa que não comentaria com mais ninguém a não ser você, mas a gente continua um pra cada lado. Você diz que admira a forma como eu consigo sentir tanta coisa por trás de um sarcasmo ridículo e que não dorme nunca e eu digo que morro de inveja de como você consegue dizer tanto tudo a tanta gente. Porque eu digo pela metade ou então eu fico escondendo dentro dos bolsos da minha calça. Você não: joga tudo pra cima com um rodopio e sopra teus sentimentos no ar até eles fazerem um redemoinho e caírem bem no meu colo. E é bem aqui, no meu colo, que eu sempre te sinto desde o dia em que aceitei te proteger e ser tua capa de chuva cheia de bolinhas coloridas, por mais que você esteja longe de mim ou embaixo de um sol torrando o quengo e nem precise de capa de chuva. Porque são os teus erros que me aproximam de tu, eu desço pro inferno, olho ao redor e digo "que coisa ridícula, saia dessa" como eu fazia aos 15, 16 e te trago de volta, mesmo quando você nem percebe, exatamente como agora.

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