sábado, 21 de novembro de 2009

A música do momento:

Take me out tonight
Because I want to see people
And I want to see lights
Driving in your car
Oh please don't drop me home
Because it's not my home
It's their home
And I'm welcome no more

And if a double-decker bus
Crashes into us
To die by your side
Such a heavenly way to die
And if a ten-ton truck
Kills the both of us
To die by your side
Well, the pleasure and the privilege is mine!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

1 + 1 = 2

I won't let my guard down for anyone but you.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Não precisa mais fugir, você me encontrou

Te espero porque sei que você vai voltar e porque simplesmente não sei fazer outra coisa. Você vai chegar sem aviso prévio, sem alarde, a qualquer momento: no meio da noite porque sabe que eu sempre estou acordada, numa dessas manhãs que pra mim só começam a partir das 10h ou numa sexta-feira, resultado da perigosa combinação de álcool com festas esquisitas e um celular na mão. Você vai dar uns segundos pra eu engolir minha surpresa e vai dizer logo de cara: eu fui, mas voltei. Eu sempre volto, você sabe. E, antes mesmo que eu comece a te encher com meu tradicional batalhão de perguntas, você vai me dizer que já sabe de tudo, que demorou demais dessa vez, que eu quase enlouqueci sem notícias suas, que poderia ter me ligado, mas que nunca dava por causa da sua vida atribulada, que sentiu saudades minhas o tempo todo e não só naqueles momentos em que tocava alguma de nossas músicas ou que você via alguém detestar feijão, azeitona e coca-cola, que você morria do coração por querer me contar as coisas do dia-a-dia e não poder porque estava se dando um daqueles seus tempos de tudo e todos. E quando eu ainda tentar arrumar algum jeito infalível de brigar com você, você vai respirar fundo e dizer a mais humilde de todas as frases : “me desculpa, eu sei que errei” e vai me fazer imediatamente jogar todas as armas no chão, esquecer toda a raiva e balançar a cabeça como quem diz “não precisa nem pedir”. Mesmo assim, você vai tentar se explicar (porque não aceita que eu pense que você não me ama, apesar de todas as suas crocodilagens) e vai dizer que em tempos de crise, a primeira de todas as fugas é de mim porque ela implica diretamente na fuga de você mesma. Aí vai dizer que eu sou você e que essa minha propriedade de espelho é uma das coisas que te deixa mais feliz, assim como é uma das que mais te assusta porque se ver tão claramente ás vezes é forte demais pro coração. Vai dizer que tem um instinto tão forte de protegê-lo que prefere fugir de tudo aquilo que possa causar emoção demais, paixão demais, dor demais. Vai falar que se for pensar em todos os monstros que te rondam nesse momento, não vai conseguir nem dormir sozinha no seu quarto. Então eu vou te convidar pra passar o fim de semana comigo e vou te dizer pra parar de se explicar tanto, que você deve é descansar da longa viagem de volta até aqui. Enquanto você estiver dormindo, eu vou ao mercado comprar todas aquelas comidinhas que você tanto gosta e ainda umas flores pra enfeitar a casa e você não descobrir que eu fiquei tão ruim durante a sua ausência. E quando você acordar de todos esses sonhos ruins e estiver bem descansada e pronta pra outra, vai me contar sobre aquela oferta de emprego que estava esperando há tanto tempo, sobre o seu novo vício musical e sobre as coisas que viveu enquanto esteve longe. Nós vamos conversar por horas, como se a saudade apenas nos aproximasse, como se nosso colete à prova de balas tivesse acabado de passar com êxito num teste nível 5 de dificuldade. Você vai me dizer que tem certeza absoluta da gente, que vê nossos filhos brincando, que me ama incondicionalmente e que é por essas e outras que eu devo enxergar teu afastamento como aquele período que um músico estabelece entre um disco e outro, como uma espécie de renascimento criativo. Então, eu vou olhar pra você bem besta e dizer: entender, eu entendo. Esperar, te espero. Só não demora demais porque você sabe que eu sou paranóica e sempre penso o pior. Vai, mas não sem me avisar antes. Vai, mas com a passagem de volta já em mãos. Vai, mas deixa a porta aberta.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Vigésima primeira letra do alfabeto

Porque sim. Você sabe que eu não sou de poucas palavras nem de respostas objetivas, mas, em relação a você, eu sempre fico com a impressão de que vou ser redundante se ficar falando muito e prefiro ser direta ao ponto. Por que sim? Eu percebi que, depois que eu deixei você comer o último pedaço da minha pizza e me riscar inteira de caneta bic sem querer te matar a facadas, não adiantava mais tentar negar o que eu sinto por você. No meio de tanta gente que vive dissimulando os sentimentos, eu gosto de ir na contramão: quero ver é dizer sim no meio de tantos nãos. Porque, sim, você é o principal motivo dessa alegria que eu saio exibindo por aí e é seu o mérito de cuidar tão bem do meu coração acelerado sem deixá-lo tremer, cair ou se machucar. Porque, sim, você é chato, mal-humorado, cabeça-quente, implicante, vingativo e bipolar, mas consegue sê-lo de um jeito tão adorável que me deixa de coração cheio e rosto quente quando dá um de seus pitis, tem uma daquelas suas agonias e ou vem querer me comprar com gracinhas infames. Porque, desde aquele dia em que você me abraçou e disse "eu também", você é o meu sim.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Diálogos Interessantíssimos XIII

- Olhe, você sabe que eu sou louca por você, você é o amor da minha vida, mas, como mulher, você é PÉSSIMA. Assim, uma PESTE.
- Hã? Como assim?
- Você é complicada, chata, metida a durona sem ser, adora uma picuinha e, ainda por cima, é doida de pedra.
- Peraí, também não é assim. Friend, veja bem: eu não faço tanta coisa pra ser esse bicho de sete cabeças, não. As minhas malvadezas e pilantragens ficam, quase sempre, na minha cabeça, não chegando a acontecer na prática. É como se eu fosse uma peste só no campo ideológico, uma espécie de peste ideológica!
- QUÊ?

sábado, 8 de agosto de 2009

Da série Diálogos Interessantíssimos XII

- O problema é que eu não consigo resistir a ele e isso é perigosíssimo!
- É por isso que agora eu só quero boyzinho com lombada eletrônica, que é pra eu nunca passar dos 60 km por hora!
- Eu não acredito que você falou isso...
- É pra você ver que da minha cabeça não sai só "iluminária" e, sim, coisas do tipo "lombada eletronica do amor"!

domingo, 2 de agosto de 2009

Da série Diálogos Interessantíssimos XI

- Dia desses eu tava com uma ex-namorada, deitado num sofá. Olhei pra ela dormindo por um longo tempo. Me senti apaixonado. Plenamente.
- E aí? Falasse isso pra ela?
- Comi um pão com ovo e passou. Era fome.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

“Love me if you dare”

Eu vi essa frase escrita numa árvore aqui na rua e não pude parar de pensar. Fui até a praça, à padaria que é um pouco mais cara, mas tem um doce que parece com o que minha mãe fazia e passei por aquela rua cheia de lojas onde nunca entro, mas olho sempre que quero me sentir um pouquinho menos infeliz. Quem teria escrito aquilo ali? Não importa. A verdade é que eu tô cansada de viver lembrando de esquecer tudo o que vivi, o que fui, o que e quem eu deixei pra trás. Hoje eu quero lembrar. Quero dar à minha memória o enorme prazer de ser quem ela é, chega de repressão, proibição, censura, não. Só lembranças.

Durante um ano, todos os dias eu ia à estação esperar teu sobretudo preto e teus cabelos castanhos saírem de dentro do trem lotado. Verificava a caixa do correio a cada três dias em busca de algum vestígio de você. Mas, com o passar do tempo, eu fui obrigada a te ter apenas nas lembranças daquelas tardes em que eu vestia somente uma camisa tua, subia em cima da cama e lia Gramsci pra você, fazendo de conta que tava em cima de um palanque. E quando você me olhava com a maior cara de bobo do mundo, eu sentava no teu colo, segurava teu queixo e dizia: vem comigo. E antes mesmo que você começasse a falar, eu dizia que não te ofereceria nada mais que o nosso apartamento, as noites de frio regadas a vinho e violão antes de dormir e os nossos pés marcando na neve os caminhos que percorreríamos juntos. Você apenas balançava a cabeça e fazia dos teus beijos sins para os meus ouvidos.

Um vento frio invadiu a minha janela e me fez derramar café em cima das cartas que jamais enviei a você, e que tava relendo antes de te escrever isso tudo. Até do café daí eu sinto saudades. E isso me lembra daquela cafeteira super chique que tinha na sua casa, aquela que você me contou que sua mãe tinha trazido de Roma quando tinha ido ver o papa. Eu já vi o papa, sabia? Aqui é tudo muito perto e a passagem de trem é barata. É que eu continuo sendo intolerante demais como você dizia e precisava ver de perto o homem que simboliza tudo aquilo em que eu não acredito. Eu continuo enchendo minha estante de livros que provavelmente nunca vou ler, bebendo whisky quando vou aos bares e fumando muito, já que cigarro é bem mais em conta por aqui também. Minha gastrite piorou e eu acordo com a respiração cansada quando faz muito frio, além de ter aquelas enxaquecas horríveis quando me estresso demais. Pois é, eu não mudei quase nada. Sim, eu ainda tenho o meu mural de fotos daqueles homens que eu admirava tanto e dos quais eu sempre te falava. Mas sonhar, eu não sonho mais: coração enferrujado não bate.

amor, amor

Meu caminho nesse mundo, eu sei, vai ter um brilho incerto e louco dos que nunca perdem pouco, nunca levam pouco. Mas se um dia eu me der bem, vai ser sem jogo.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

6

eu não sabia explicar o que tava sentindo
umas idéias meio tortas e a língua já querendo se soltar
todo mundo dizendo que não
eu dizendo que sim, por favor sim, só você sim
ando, como, danço, escrevo, durmo
me mordendo de vontade
o tempo todo de te dizer:

sexta-feira, 5 de junho de 2009

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão.

Vinícius de Moraes realmente sabe das coisas e arruma um jeito de me dizer exatamente o que eu preciso ouvir, mesmo quando eu nem quero. Fazer o quê? Áries com ascendente em sagitário é assim mesmo.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

sempre caio

(...) não dizer nada, fechar os olhos, ouvir o barulho do mar, fingindo dormir, que está tudo bem, os hematomas no plexo solar, o coração rasgado, tudo bem.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

me dê uma cachaça,

(me dê uma cachaça!)



eu tô amargo demais pra beber cerveja...

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Para a menina de cabelo enroladinho,

você sabe bem porque.



E se você era meu protetor, eu aceitava ser o seu mascote, aquela que você defenderia até a morte, custe o que custasse. Aliás, aceitava não: eu gostava, fazia até questão que fosse assim. Você era o meu pastor e nada me faltava. Eu não sentia fome, frio nem dor: você chegava antes. Vinha correndo, largava o cavalo branco que queriam que você cavalgasse pra ficar mais bonito, mais pomposo e sei-lá-mais-o-quê e vinha no pé ou então nos pedais daquela sua caloi vermelha e branca. Eu só sentia você, amor por você, paixão por você, adoração por você, você.

E se você era o meu menino, eu era tua menina e escrevia nossos nomes num papel branco e fazia um coração com uma seta perfurando, assim bem cafoninha mesmo, coitada. Dez segundos depois, rasgava o papel pra ninguém ver e prometia pra mim mesma que ia crescer e ia parar de ser besta desse jeito. No outro dia, eu ficava morrendo de ciúme das outras menininhas que vinham te paquerar e com quem você, menino que era, acabava ficando só pra mostrar pros outros meninos que podia. Aí ficava me provocando: conversava e olhava pra mim, passava bem do meu lado com a escolhida da vez e a beijava logo atrás de mim na fila do lanche. Pois tá certo, deixa estar.


E se você tinha alguma namorada, eu era tua amiga fiel e companheira, mais fiel que balança e escutava as tuas confidências todas nas nossas conversas telefônicas. Você dizia que não havia ninguém no mundo que te entendesse tanto e que sem mim você não saberia como ia ser. Dizia que ia me levar pra todo canto com você, que ia me proteger, que a gente era aquela coisa “na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, amém”. Aí, quando eu já tava completamente desarmada, tirava o punhal prateado do bolso e me matava com um só golpe: eu te amo. Você não imagina o que eu sentia quando você dizia isso. Eu nunca menti quando dizia que também te amava, mas acho que pelo menos uns 10 desses mais de 15kg que ganhei nesses anos todos foi por ter engolido por tanto tempo tudo o que sentia por você, ninguém me convence do contrário.


E se você era alguma coisa, eu era qualquer outra coisa que remetesse a você de algum jeito. Até o dia em que te liguei uma noite e disse: tô indo embora amanhã. Tua voz surpresa e cheia de perguntas do outro lado fez muito mais difícil a minha partida, tenho que admitir isso, mas a passagem marcada, a estadia garantida e a necessidade da fuga falaram mais alto e eu vim pra cá. Eu fui covarde o suficiente para só conseguir te contar na véspera, que era pra você nem ter chances de tentar me convencer a ficar. E mais covarde ainda em te mentir a hora do meu voo, pra que você não chegasse a tempo de me dar o último beijo. Eu sei que você até hoje não me perdoa por isso, mas eu precisei ser egoísta essa única vez na minha vida. Te explico: eu preferi não te ver nem receber teu último beijo pra que pudesse viver eternamente o meu último beijo em você.
E é dele que venho vivendo até então.




Não é uma daquelas minhas cartinhas de amor típicas, mas é pra você, pensando em você e fazendo de você inspiração pra poesia, que é o que tu representa pra mim.
te amo, pretinha!

domingo, 26 de abril de 2009

Nada vai acontecer, não tema

(...) Eu quero um samba pra me aquecer
Quero algo pra beber, quero você
Peça tudo que quiser
Quantos sambas aguentar dançar
Mas não esqueça do seu trato, da hora de parar
Só vamos embora quando tudo terminar...

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Aliança na mão direita,

casamento marcado com o homem da sua vida. Não tirava-a do dedo em hipótese alguma. Nem banho, nem lavar prato, nem plantar gerânios; nada. Perguntavam: quem é o noivo? Ela ficava calada e apenas sorria, baixando a cabeça como quem diz: um dia vocês vão ver. As amigas riam secretamente e comentavam que ela devia estar louca de achar que estava noiva sem nem mesmo ter namorado, boyzinho, paquerinha, nada, como é que pode? Era de domínio geral que ela era uma moça ajuizada, centrada na vida, dessas que nunca deram nenhum desgosto aos pais, sabe? Não bebia, não fumava, não chegava de madrugada como as outras meninas da sua idade. Já tinha o enxoval quase todo pronto, vinha preparando tudo desde os doze anos. Certo, Lara, eu entendo que você quer muito casar, toda mulher sonha com isso, mas diga só pra mim: quem é o noivo? Não conto a ninguém, juro. E outra: se vocês já tão em vias de se casar, por que você esconde tanto ele? Tem medo de inveja, olho-gordo, zica, galinha preta na porta de casa? Só pode ser, vergonha de apresentar eu sei que não é, porque você é do tipo que não tem vergonha de nada quando gosta da pessoa, além do mais, nem eu nem nenhuma das meninas ia ficar julgando o cara que você escolheu pra chamar de seu pro resto da vida. Pra que tanto mistério então? Já que você insiste tanto, eu vou te contar, mas só se você for comigo na loja escolher o meu vestido de noiva. Provou um, dois, três, vários, até escolher um curto e tomara-que-caia, daqueles que têm a cauda mais longa que a parte da frente, completamente diferente do estilo de roupas que sempre usava. Você vai mesmo usar esse vestido? O tal seu noivo não vai reclamar? Não, não, ele é desses homens que fazem tudo pela felicidade da sua escolhida. Não necessariamente a felicidade, mas ele atende a todos os desejos da mulher, melhor dizendo. Nossa, se ele é tudo isso que você ta dizendo, eu até entendo você querer escondê-lo de todo mundo. Ele é sim. No caminho de volta pra casa, ela veio contando o quanto o seu noivo era bonito, atraente e dono daqueles olhos que fazem qualquer mulher perder os brincos, os sapatos, e até as estribeiras. Mas pelo menos sua mãe já o conheceu? Ainda não, vai ser surpresa inclusive pra ela. Me desculpa a sinceridade, mas você não acha que isso é loucura, não? Casar com um cara que ninguém conhece, ninguém deu a aprovação e que você não sabe se vai conseguir te fazer feliz? Há quanto tempo você conhece ele? Eu acho arriscado demais. Eu ainda o conheço muito pouco, pra ser honesta, mas o pouco que eu vi, já me convenceu de que era exatamente isso que eu passei a minha vida toda procurando. Ele é um homem tão difícil quanto sedutor, é quase impossível resistir a ele. Na verdade, eu não sei nem o seu sobrenome, mas acho que quando eu disser o primeiro nome, você já vai reconhecer porque, no fundo, todo mundo o conhece em algum momento da vida. No meu caso, foi agora e eu gostei tanto que já estou até de casamento marcado e malas prontas para seguir nele. Não seria “seguir com ele”? Não, seguir nele. Hã? Como assim? Vai falando logo, você já ta começando a me assustar. Não se preocupe, minha amiga, eu vou com ele, mas eu volto. Eu preciso fazer isso agora, preciso ir com ele para chegar até mim mesma. É que só agora eu tenho coragem de assumir esse compromisso, o compromisso da vida como ela realmente é, a vida pela vida, você me entende? Não, não entendo, preciso urgentemente que você me explique. É muito simples: amanhã eu visto meu vestido de noiva, pego minhas malas e parto. Amanhã? O casamento não vai ser aqui? Não vai ter festa, madrinha, igreja, nada? Que história é essa? Na verdade, eu vou casar fugida, é o único jeito que esse casamento tem de realmente acontecer, de outra forma fica impossível. E eu, as meninas, tua mãe, tuas irmãs, teu pai? Vão ter que me esperar voltar do lado de lá, isso se eu voltar, porque ás vezes esse é um caminho sem volta. Pelo amor de deus, Lara, quem é esse homem e o que ele fez com você? O nome dele é Desatino e eu vou partir para a loucura com ele amanhã de manhã cedo. Satisfeita?

segunda-feira, 20 de abril de 2009

inverno

No dia em que fui mais feliz eu vi uma avião se espelhar no seu olhar até sumir. De lá pra cá não sei, caminho ao longo do canal, faço longas cartas pra ninguém e o inverno no leblon é quase glacial. Há algo que jamais se esclareceu: onde foi exatamente que larguei naquele dia mesmo o leão que sempre cavalguei? Lá mesmo esqueci que o destino sempre me quis só, no deserto sem saudade, sem remorso, só, sem amarras, barco embriagado ao mar. Não sei o que em mim só quer me lembrar que um dia o céu reuniu-se à Terra um instante por nós dois pouco antes do acidente se assombrar...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

"estamos exatamente no mesmo lugar."

Estava aqui escrevendo uma outra coisa que não tem nada a ver com você quando você apareceu na minha janela mais como um relâmpago do que como um raio de sol, menos amoroso do que eu gostaria, mais me chacoalhando do que me alisando, como é bem do seu feitio. Porque você sempre vem como um furacão: vem pra varrer tudo, pra destruir a mureta que eu demorei noites e noites construindo. Você é tão mimado que quer tudo do seu jeito, aqui, agora, e é assim que tem que ser e pronto. Você é tão assim que nem tem vergonha de ser. Aí você bate de frente comigo que sou carne de pescoço e, assim como você, “don’t hide from a fight” e pronto, começou. De repente estamos num ringue, numa corda bamba esticada, usando palavras suas, e tem início uma briga intelectual, uma Revolução Gloriosa dos anos 2000, sem sangue nem troca de ofensas, uma coisa no melhor estilo “eu-te-derrubo-com-mais-frases-de-efeito-que-as-suas” em que nenhum dos dois sai ganhando: eu saio me doendo de você ser assim tão inteligente, mas tão chato quando quer ser e você se doendo com essa história de eu descrever precisamente suas atitudes e pensamentos mais secretos por te conhecer até quando nem você se conhece. Termina que os dois vão se doendo mais ainda por nos amarmos tanto apesar de trocarmos tantas tapas na cara travestidas de palavras bonitas. Você diz que sente muito a minha falta, eu digo que vejo você em muita coisa que não comentaria com mais ninguém a não ser você, mas a gente continua um pra cada lado. Você diz que admira a forma como eu consigo sentir tanta coisa por trás de um sarcasmo ridículo e que não dorme nunca e eu digo que morro de inveja de como você consegue dizer tanto tudo a tanta gente. Porque eu digo pela metade ou então eu fico escondendo dentro dos bolsos da minha calça. Você não: joga tudo pra cima com um rodopio e sopra teus sentimentos no ar até eles fazerem um redemoinho e caírem bem no meu colo. E é bem aqui, no meu colo, que eu sempre te sinto desde o dia em que aceitei te proteger e ser tua capa de chuva cheia de bolinhas coloridas, por mais que você esteja longe de mim ou embaixo de um sol torrando o quengo e nem precise de capa de chuva. Porque são os teus erros que me aproximam de tu, eu desço pro inferno, olho ao redor e digo "que coisa ridícula, saia dessa" como eu fazia aos 15, 16 e te trago de volta, mesmo quando você nem percebe, exatamente como agora.

terça-feira, 14 de abril de 2009

aí é golpe baixo, dr. karev!

- Listen. You had that heart patient and it reminded you of Denny and how bad you felt when you were lying on that bathroom floor. I get that! I get that you're scared. But you're not going to have to feel like that again. Because I'm not going to die, Iz. And I'm not gonna cheat on you, and I'm not gonna go anywhere! 'Cause, I think you're my best shot at... I think with you, you make me better. You make me wanna be better. You make me want to be good. And I think I can with you, I think I can. So I'm not going anywhere, and you can stop hiding. And if you wanna be scared, that's okay, just be scared with me. Be scared while you scrub in with me on my first solo surgery, ok?
- You love me.
- Shut up.




morri.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Diálogos interessantíssimos IX

- O teu problema é o estrógeno, que te deixa com os nervos assim.
- Não, o meu problema é a tequila mesmo.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

like a star

- Tu não baixa a guarda, né?
- Nunca.
- Nem mesmo pra mim.
- Muito menos pra você.
- Por quê?
- Porque, se não for assim, não sou eu.
- Eu já sei muito bem quem você é, entre a gente não tem mais isso de querer esconder ou provar uma ou outra coisa.
- É, eu sei.
- Então por que você continua mascarando tanto o que sente?
- Porque eu tenho muito a perder. É tanta coisa que eu tenho pra te dizer, mas tanta, que eu prefiro não dizer nada e ver se meu silêncio fala mais alto do que eu.

terça-feira, 7 de abril de 2009

this calls for a toast, so pour the champagne!

Reviravolta, roda gigante, movimento. Tudo isso diz muito sobre nós duas. A gente não pára quieta nem um segundo e eu fico feliz de pensar que mesmo nessa nossa agonia tão típica, a gente conseguiu encontrar nosso próprio ritmo, o nosso samba do coração, a poesia escondida na instituição carro, nos diálogos interessantíssimos que a gente tem com pessoas igualmente interessantíssimas (you know what I mean, right?), nas bizarrices que a gente vê todo dia naquele planeta à parte, naquelas nossas conversas que sempre terminam em risadas ou em perguntas sem resposta que a gente lança no ar só pra no outro dia contar à outra que passamos a noite inteira pensando sobre o assunto e não chegamos a absolutamente nenhuma conclusão. Pra mim, não é mera coincidência que a gente nasceu tão perto: a gente é guiada pela mesma estrela, provavelmente a mais agitada do céu inteiro e é ela que nos mantém sempre unidas seja no bueiro profundo ou em cima do salto, seja na Nox naquela festa gay ou no Garagem depois daquele sambalanço, seja no frio do avião ou no calor do Dois Irmãos/Rui Barbosa. É automático: quando eu olho pra você, me vem logo aquele calor no coração, eu gosto demais do que eu vejo dentro dos teus olhos escuros, e sou sempre contagiada pela tua energia solar, aquela que vai iluminando e aquecendo tudo ao seu redor sem deixar nenhuma sombra escura. Eu sempre te digo que as amizades mais fortes são aquelas que se fundam na dor ou nos momentos de grandes emoções e, sendo assim, a nossa amizade é feita de pedra e cimento, não tem terremoto ou tsunami que derrube o castelo que a gente construiu pra morarmos juntas e ter sucrilhos com leite e batatas-sorriso dentro daquela nossa geladeira dividida e cheia de enfeites. O nosso encontro e a vida que a gente construiu juntas vêm pra provar que até mesmo a matemática pode estar errada e que duas retas paralelas se encontram, sim, em algum ponto antes do infinito. E a gente se encontrou. Aliás, se reconheceu. Ou seriam os dois? Não importa, o negócio é que eu te amo e me orgulho cada vez mais de fazer parte desse caldeirão borbulhante que é a tua vida. Happy birthday, branquelinha.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Vai dormir, pensamento

E vê se me deixa dormir também!

domingo, 29 de março de 2009

deny, deny, deny

Sabe o que te mata? É que você só descobriu o quanto gostava dele quando acabou, ela disse enchendo a xícara de café. Disse assim sem perceber, quase como quem pergunta se você quer que passe o pão. Disse e me olhou, esperando alguma resposta, porque ela já sabia que eu era daquelas que tinha resposta pra tudo, mesmo pra o que nem era pergunta. Oxe, sai daí, eu tô ótima, murmurei com a boca ainda meio cheia de bolacha, eu tô ótima. Peguei meu copo de suco e fui pra sala porque já tava na hora daquele programa a que eu assistia todo domingo de manhã enquanto lia só as seções que me interessavam no jornal. Quando dei o primeiro gole, pensei logo que aquela manga não chegava nem aos pés daquelas que você trazia da casa da sua avó e quis parar de tomar, mas mesmo assim continuei bebendo porque não ia desperdiçar um copo inteiro de suco e, além do mais, eu tô ótima, né? Mãe, não compra mais esse suco não, ele é meio ruinzinho. O relógio marcou 9 horas. Pronto, a partir de agora, nada me distrai dessa televisão, nada. Nem ninguém. Era um desses programas de viagem típicos de domingo, o episódio de hoje tinha sido gravado em uma cidade longe, e eu não pude deixar de lembrar que você me contou que tinha visitado esse lugar uma vez, há uns anos. Maldito vício esse teu de viajar tanto, não para quieto em canto nenhum. Eu me lembro até que você me mostrou uma lembrança que trouxe de lá – será que você ainda tem esse costume de trazer algum objeto típico dos lugares por onde passa? Se tiver, já deve ter tido que colocar outra prateleira no quarto pra colocar tuas bugigangas, porque você já viajou, no mínimo, umas quatro, cinco vezes depois que a gente acabou, não foi? Mudei de canal pra ver se o pensamento também mudava quando eu apertava o botão. A televisão dizia:

- Você sabia que o sol tem som?
- Como assim?
- Foi descoberto que o Sol vibra como um instrumento musical gigantesco, com notas e frequências bem-definidas.

Eu não sei porque, mas eu tenho certeza de que você saberia disso. Não só saberia, como ia me contar numa de nossas conversas cotidianas e ia me fazer ficar com a maior cara de boba do mundo olhando pra você e me perguntando como você sabia tanto sobre tantas coisas. E falando sobre coisas que ninguém sabe, eu preciso confessar que também me lembrei de você quando, um dia desses, passei num daqueles carrinhos que vendem cd pirata no camelô e comprei o cd de um cantor de um ritmo ridículo que nem sequer existe, só porque ele tinha o teu nome. Pior: eu vim o caminho inteiro querendo ouvir o cd só pra comprovar que você não tinha nada a ver com esse cara e pra me convencer de que todas as coisas ruins que me falavam de você eram mentira porque você é muito melhor do que essa gente que deve mesmo é escutar esse cantor trash que tem o nome igual ao seu. É lógico que logo depois eu joguei o cd no lixo, mas não foi pra não sentir saudades não, até porque eu tô ótima, foi só pra evitar gracinhas do meu irmão sobre a semelhança entre os nomes. Melhor assim, você lembra bem como meu irmão é pentelho quando quer ser, né? Eu sei que você sabe, mesmo você fingindo que achava ele o melhor menino do mundo só pra ele te dar a vez no Guitar Hero ou te dar um pedaço daquele chocolate que ele trazia do colégio. Eu sei. Filha, me passa o controle da TV, por favor? Eu tô ótima, mãe, já falei, me deixa!

quarta-feira, 25 de março de 2009

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Tirou um malboro do bolso e perguntou: tem fogo? Antes que eu respondesse, ele baixou e levantou rapidamente os olhos; parecia ter ficado surpreso com alguma coisa no meu rosto. Você não fuma não, né? Desculpa aí. Fiquei intrigada com aquela conclusão do nada. Como você sabe? Tô errado? Não, eu não fumo mesmo. Mas como você descobriu antes de eu responder? Achou meus dentes muito brancos, foi? Não, não pode ter sido, eu nem cheguei a abrir a boca. E outra: eu faço clareamento, não são brancos assim por não fumar. Ele riu largamente e disse: clareamento é? Eu só posso dizer que foi muito bem feito, teus dentes são bonitos. Ah, brigada. Mesmo assim, não foram eles que me disseram que você não fumava. Foi alguma coisa que eu vi em você, acho que foi alguma coisa no teu olho, ou algo parecido, não consigo explicar direito. Você tá me saindo espertinho demais pro meu gosto... quando vê isso, você tava me observando há um tempão e, por ver me bebendo sem acender nenhum cigarro num longo espaço de tempo, deduziu que eu não fumava. Aí, veio com essa historinha de pedir fogo só pra puxar assunto comigo, eu já conheço muito bem esses truques de homem, baby. Você se acha, menina, disse com certo deboche aquele cara que só agora eu via estar de blusa preta e calça jeans rasgada na barra, mexendo a cabeça de um lado pro outro como quem diz tsc, coitada, poor little girl. Me acho nada, só tô bêbada e cansada demais de caras como você. Caras como eu? Se você me conhece tanto a ponto de estar cansada de mim, deve saber meu nome, profissão, onde eu moro, etc. Diz aí. Até isso eu já conheço, essa coisa de “eu sou diferente de todos os homens que você já conheceu, me deixa te mostrar”, isso não cola comigo, eu não sou fácil de me deixar levar por esse papinho furado. É por isso que tá sozinha, embriagada, às 4 horas da manhã, e discutindo com um cara que acha que conhece sem nunca ter visto na vida. E outra: eu nunca disse que era diferente de todos os outros. Sim, eu tô sozinha mesmo, eu sou sozinha, e o que você tem com isso? Você também não me conhece. Tem razão, se eu conhecesse, jamais te deixaria chegar a esse estado. Que estado? Olha, tem gente muito pior do que eu pra você ir importunar nesse bar. Sai daqui, pára de me confundir o juízo, vai. Só saio se você sair junto. Quê? Eu não vou sair nem tão cedo daqui. Nem eu. Você acha que tem o direito de me obrigar a ficar na sua companhia o resto da noite? E quem disse que você vai ficar na minha companhia? Ah, é? Ótimo, vou me livrar de você. Vai mesmo, porque eu tô indo ali no banheiro e não sei se volto. Vai logo, pára de ficar falando besteira então. Porque você está tão agoniada? Tem tanto medo assim de ficar perto de mim, é? Eu não sei porque eu ainda estou falando com você. Quando você soma bebida aos meus olhos castanhos e minhas frases de efeito, o resultado esperado é esse, não posso fazer nada. Eu devo estar muito bêbada mesmo pra rir de uma coisa como essa, ai ai. E sabe o que é pior? Essa é minha primeira risada numa semana inteira. Acredite ou não, eu sei. Acredite ou não você também, eu sei que você sabe, só não sei como, assim como ainda não sei como você sabe de tanta coisa que eu nunca te disse na vida. Aliás, eu nunca nem te vi na vida. Nem eu mesmo sei como é isso, menina, eu só sei e pronto. O que eu sei é que isso aqui tá ficando demais, eu vou embora. Fica, vai já já. Se eu ficar, você me conta como descobriu que eu não fumava? Não. Ah, então sai da frente e me deixa. Não, isso nunca mais.

sexta-feira, 20 de março de 2009

(im)paciência

A gente não vive sem ter paciência, né? Tudo mentira, lorota, conversa fiada. Se a gente não vivesse mesmo sem paciência, eu já estaria debaixo de sete palmos de terra ou no fundo do mar, como preferirem. Quem me conhece sabe que impaciência é meu nome do meio e que ansiedade começa com a mesma letra que o meu nome por mais do que mera coincidência. Aí, parece que apesar de toda agonia do mundo ao meu redor, a coisa que mais cobram de mim é ser paciente, aprender a esperar. E agora? Vou ali na esquina comprar 200 gramas de paciência? Bato na porta da vizinha pra saber se ela tem pra me emprestar? Faço um curso de um mês no SENAC? Se alguma dessas coisas fosse possível, eu juro que faria. Porque ser impaciente cansa mais do que correr da minha casa até Olinda sem parar. Cansa, faz os cabelos caírem, a fome aparecer nas horas mais impróprias e pele do meu rosto enrugar um pouquinho mais a cada dia. Aí eu começo a pensar em como ser mais calma, adotar a paciência como um estilo de vida, mas logo depois eu descubro que a impaciência é mais do que uma questão de momento na minha vida: ela sou eu. Eu sou, sim, impaciente, agoniada, inquieta e nunca, jamais consigo dormir antes de passar pelo menos 10, 15 minutos pensando sobre a minha vida toda e tentando desacelerar pra poder de fato pegar no sono. Eu finjo ter paciência que é pra não ter que encarar o fato de que o mundo é de quem sabe esperar e que, se eu continuar assim, nunca terei nem um pedacinho dele. Fuen.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Diálogos Interessantíssimos VIII

- Meninas, vocês estão com cara de cansadas hoje... O que houve? Nem precisa dizer. Isso é homem, né?
- Antes fosse esse cansaço que você tá pensando...
- Não, não, eu sei que não é. Esse cansaço que você pensou que eu tinha pensado é coisa boa, tira as olheiras, melhora a postura, renova a pele e não deixa com essas caras de quem comeu e não gostou, não. Eu falo é de outro cansaço. É aquela coisa: a gente nunca tá feliz com o que tem. Se você tem um homem, cansa; se não tem, cansa. Se tá perto, cansa. Se passa muitos dias longe, cansa; Se ele te traz um chocolate, cansa e tudo o que você mais quer é comer um sanduíche; Se ele te traz sanduíche, você fica tão cansada que nem tem forças pra fingir que gostou...
- Agora olhe pra mim e me diga o que acontece quando você tem dois.
- Aí cansa porque não pode, minha filha.
- É, mas sabe o que é pior?
- O quê?
- Desse mal eu nunca quero estar descansada.

quarta-feira, 18 de março de 2009

(not) easy to figure out

If my words confuse you,it is to make you understand me

segunda-feira, 16 de março de 2009

videogame e freios de bicicleta

Eu nunca consegui te contar o quanto eu te amava. Falando assim, tão cinicamente, isso parece muito triste, não é? Não, eu sinceramente não acho. Porque não era o fato de eu não te dizer que me fazia te amar um pouquinho menos ou não te amar at all, muito pelo contrário: isso era justamente o que mais afirmava o meu amor por você. Se você soubesse a quantidade de vezes que eu prendi o cabelo num coque feioso usando um lápis todo mordido, coloquei aquele meu pijama ridículo de corações e aquela clássica calcinha velha e furada e fiquei na frente do espelho, exatamente como quando eu fazia quando tinha 12 anos, ensaiando aproximadamente 150 palavras pra te dizer por segundo, você até chegaria perto de entender o que eu sentia. Mas, como eu disse, você nunca soube disso. Aliás, você nunca soube de nada, porque quanto mais eu gostava de você, menos eu te procurava, menos eu queria estar na sua presença. Eu preferia te ver de longe, sem você nem imaginar. Como quando eu te via passar por mim na faculdade enquanto eu tomava café da manhã na cantina e quase sempre queimava a língua quando você aparecia, porque me esquecia de tudo, até mesmo da quentura do capuccino que tinha acabado de sair do microondas. No fundo, isso era tudo que eu precisava para continuar no meu plano infalível de não ter que te encarar: uma língua queimada era o pretexto ideal para adiar por mais uma semana aquele convite de te chamar pra lanchar ou ir para o cinema depois da aula como as minhas amigas sempre me mandavam fazer. Ao mesmo tempo, eu ia entrando em parafuso porque cada vez que eu te encontrava e a gente conversava sobre coisas sérias, coisas bobas e coisas nem tão bobas nem tão sérias assim, eu era nocauteada por você, sem nem chance de me levantar pra limpar o rosto ou beber água. Aí eu continuava ensaiando o que te dizer no dia em que eu cansasse de fugir desesperadamente de você, mas era eu olhar aqueles teus olhos que pareciam ler todas as linhas de pensamento que eu ia escrevendo, que eu ficava pior do que trem desgovernado, carro com freio quebrado, réu culpado. Enquanto as outras meninas te chamavam pra ir a aquela boate nova que tinha inaugurado ou pra beber naquele bar da moda no fim de semana, eu começava a falar descontroladamente sobre freios de bicicleta e sobre como eu vencia todos os meninos na sinuca e no dominó. Aí depois falava sobre videogames ou sobre aquela entrevista que aquela gostosona tinha dado no programa de domingo, quando o que eu queria mesmo te dizer era que você era tão lindo, mas tão lindo que me fazia querer casar com você sem nem saber o seu nome do meio e que eu ouvia a sua voz ecoando na minha cabeça só de lembrar de você, e que você era a única pessoa no mundo cuja voz eu realmente ouvia sem de fato ouvir. Quando eu me dava conta do que tava fazendo, meu deus do céu, que vontade de correr e voltar a ser o que eu sempre era na tua presença: uma criança assustada. Era exatamente nesse momento que eu fingia que meu celular tava tocando e saía de fininho pra bem longe, o mais longe possível de você, e me botava a arrancar uns quatro ou cinco fios de cabelo de cada vez por ter te dito aquelas besteiras todas. Ai como eu me odiava pós-você. Me odiava tanto que queria a todo custo parar de fingir que não acordava quase todos os dias pensando naquela entradinha do teu lábio superior entre o queixo e a boca ou que eu não comecei a me maquiar para ir para aula só por causa de você ou que não era pensando em um dia dividir com você que eu comprava o Milk-shake de 700ml quando ia sozinha ao cinema. Nesses momentos, é que eu tinha vontade de fazer valer todas minhas horas de ensaios, todas as vezes em que eu queimei minha língua e todo esse tempo que escondi isso e te dizer logo aquelas três palavrinhas: eu te amo.

domingo, 15 de março de 2009

Andei por sua rua de novo, no sábado

Nós dois nos matando de tanto rir
Sonhando com tudo o que há de vir
Você me chamando de louco...

terça-feira, 10 de março de 2009

Diálogos interessantíssimos VII

- Olhe, sei não, tu não tem jeito mesmo.
- Tenho que admitir. Tô sendo sincera aqui. Eu podia estar matando, eu podia estar roubando, eu podia estar mentindo, eu tô só falando a verdade.
- HAHAHAHAHA

sexta-feira, 6 de março de 2009

Diálogos interessantíssimos VI

- Friend, agora eu sei que we belong together po!
- Oxe... e quando foi que tu duvidasse? Eu sei disso desde que a gente era pirra e não sabíamos quase nada da vida!
- Mas tu sabe que eu tô falando de mim e furustreco, né?
- Ah, pensei que era da gente...

quarta-feira, 4 de março de 2009

dez coisas que você precisa saber sobre mim

1)Eu não saio de casa sem tomar um copo de água pouco antes de cruzar a porta;
2)Sim, meu guarda-roupa é mais bagunçado do que fim de feira, mas não, eu não pretendo arrumar nem tão cedo;
3)Eu falo muito e sem parar mesmo, não adianta nem procurar algum botão de ON/OFF escondido pelo meu corpo;
4)Eu vou lembrar pra sempre de coisas que você nem sabia que tinha me dito algum dia na vida;
5)Tequila me deixa alegre. Cachaça, eufórica. Champagne, bêbada, porém ainda elegante. Vodka, o diabo em forma de gente;
6)Eu nunca durmo antes de 1 a.m e nunca acordo antes das 7. Nunca;
7)Eu vivo escrevendo cartas que sei que jamais vou entregar;
8)Sim, eu dirijo dançando e não estou nem aí para a ausência de fumê nos vidros do meu carro;
9)Não ouse mexer com alguém que eu amo. Sério, tô avisando;
10) Como diria o nosso colega Cazuzinha, mentiras sinceras me interessam.

terça-feira, 3 de março de 2009

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A gente dorme de olhos fechados
que é pra poder sonhar por dentro, amor.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

- Do you ever think about the future?
- Yeah, sure.
- And what do you see?
- That’s a tough question… What do you see?
- You.
- What?
- I see you.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

com a gente, é outra história

Mas eu gostava demais dela. Tava lendo você-sabe-o-quê e ouvindo a nossa música, aquela de agora, e pensei em você e naquele seu jeito tinhoso, carne de pescoço, sabe? Aí me lembrei daquela tua foto com o cabelo novo, mas o rostinho de sempre, que eu já vi e beijei tantas vezes ao longo desses anos todos de eu e você. Nariz pequeno, boca rosa, olhinhos que me lêem por inteiro no curto espaço de tempo em que nossos olhares se cruzam e aquela expressão que eu conheço tão bem e fico sempre repetindo mentalmente quando tô em qualquer situação de perigo, tristeza e qualquer coisa ruim nesse mundo. A essa altura do campeonato, você já sabe que é pra você que eu escrevo, né? É claro que tu ainda deve estar duvidando de que é pra tu mesmo, senão não seria você, mas pode acreditar que é. Sim, porque só tu me faz ouvir uma música mais de vinte vezes num único dia, só tu me faz ler uma coisa mesmo sabendo que vou chorar porque ela vale a pena, só tu faz aquela voz de menina pequena e me pede pra ler uma coisa pra tu porque, segundo você, quando eu leio, ela vira verdade. E eu ouço, eu choro, eu leio. A verdade é que eu faço o que tu quiser, pequena. Eu tô sempre pronta pro teu falar fino, pra tua banca de workaholic, pros teus códigos quando tua mãe tá perto do telefone, pra os teus sermões quando eu mereço ouvir e pros teus bilhetinhos laranja espalhados pela casa quando tu tem uma crise de ciúmes. Porque você é o meu benzinho, é aquela flor que escolhi pra tirar da janela e colocar no jarrinho do lado da minha cama pra ficar mais perto de mim, você é a única pessoa de quem eu tenho impulsos de cuidar, logo eu que não sei cuidar direito nem de mim. É por isso que eu digo que o nosso querido Lô se enganou quando fez a letra daquela música, a nossa. Se conhecesse a gente, ele teria escrito “e basta contar compasso, e basta contar comigo, que a chama não tem pavio”. E é bem isso mesmo, N. : a nossa chama não tem pavio. É só contarmos uma com a outra. E isso não tem sopro, ventania, tempestade que vá mudar porque eu te amo (desde e para) sempre. Você sabe disso.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

de tudo se faz canção

Pra falar a verdade, eu não sei bem como isso tudo começou. Acho que foi naquele dia em que você me ligou de manhã logo cedo, absolutamente sem assunto, todo errado, com medo de ter acordado o pessoal lá de casa, e a gente acabou conversando por mais de duas horas sem entrarmos naquele silêncio constrangedor que envolve duas pessoas que ainda estão se conhecendo. Ou será que foi naquele outro dia em que você apareceu no meu curso de inglês sem avisar e, num dia em que eu vestia um blusão do meu pai e aquelas havaianas amarelas já bem surradas, me chamou pra fora da sala no meio da aula só pra dizer “oi” e saiu falando pra todo mundo no outro dia o quanto eu estava bonita? Não, ainda não foi aí. Desisto de datar o que não tem data de começo nem de fim, ponto. O fato é que o nunca aconteceu no meio do sempre e decidiu trocar de lugar com ele porque virou sempre e o ex-sempre se perdeu no tempo e espaço que antes eram do nunca. Digo isso porque você bem sabe como eu era antes de você. Eu duvidava da ciência, das atuações nos filmes e peças de teatro, daquele cara lá da faculdade que achava que tinha conseguido solucionar aquele tal mistério e até da autenticidade daquele colar de ouro que ganhei de presente de natal. E aí me vem você que acreditava em tudo e todos até haver motivo pra desconfiar de alguma coisa. Eu desconfiava, você apostava todas as suas fichas. Em mim, em você, na gente. E foi assim durante muito tempo porque eu ainda desconfiava. E olhe que você não me dava razões pra isso. Segui desconfiando até o dia em que me flagrei feliz somente pelo fato de você estar rindo, gritando sem emitir sons quando a gente conversava no telefone ou te procurando desesperadamente quando você estava longe de mim. Era você estar perto e eu ficava tensa, com medo de falar alguma besteira que te fizesse me achar menos isso ou aquilo; era você estar triste ou cabisbaixo que eu tinha impulsos de trazer um circo inteiro pra frente da sua casa ou comprar sacos e mais sacos daquele amendoim que você adora só pra arrancar um sorriso teu. Diante disso tudo, eu tive que acreditar. Logo eu, a mulher que jamais entrava no mar sem colete salva-vidas, nem jamais comprava nada sem olhar o prazo de validade e que não acreditava estar mais magra até subir efetivamente na balança, logo eu. E já que agora eu acreditava, eu ia até o fim na crença do meu amor por você, que se tornou o meu norte, ou melhor, o meu centro, minha rosa-dos-ventos. Não, não me entenda errado: não é que tudo girasse em torno de você, fazendo com que você fosse Deus e senhor da minha vida, não. É que o amor que eu sinto por você é a força motriz que faz a minha rosa-dos-ventos rodar. Sim, porque só te amar já é suficiente pra mim. Até quando não estou do teu lado ou pensando em você, eu te amo e, mais ainda, eu acredito nisso. Não estou dizendo que nunca vamos nos separar ou coisas do tipo porque eu sei que amanhã ou daqui a semanas, meses, eu ou você poderemos querer arrumar nossas malas e bater a porta deixando o outro pra trás, sei disso. O que eu quero dizer é que te amar me ajuda a levantar de manhã todos os dias, me leva de lado pr’um outro sem precisar sair do lugar, me dá paz e tranquilidade no meio de um super engarrafamento na volta pra casa. É aí que coloco todas as minhas dúvidas pra dormir, troco de roupa, abro as portas e janelas pra deixar entrar a luz da lua, o vento da praia e esse amor que aparece nas pequenas coisas, que dorme, acorda, toma café-da-manhã e banho comigo e que eu consigo segurar nas mãos como um passarinho pousa no seu dedo se você o oferecer a ele. Eu posso pegar no amor que sinto por você. E assim como eu faço com o passarinho, eu coloco esse amor entre as mãos, cuido dele, faço carinho em sua cabeça e solto de volta pro ar, que é seu lugar de origem. Com você é diferente: não tem essa de gaiola, prisão, dar satisfação, não. Não é preciso, porque eu sei de você, sei de mim e do que vem, e tenho você, um milagre no meu coração mentiroso. Se tem uma coisa que eu aprendi, uma das muitas que você me ensinou, é que milagres não acontecem todos os dias e é por isso que são o que são. Além do mais, você me mostrou que milagres não são passageiros, não é só aquilo de ganhar na mega-sena ou de não morrer depois de um avião cair em cima da sua casa, entende? Sabe como eu descobri isso? Você ficou, aliás, você fica, você sempre fica. Os anos passam e eu me agarro a esse sentimento, às lembranças dum tempo distante e te trago pra perto de mim todos os dias. E assim, sigo gostando mais da sua presença, mais, cada dia mais, num descomum que no fundo é trivial, na doidice mais calma que se pode ser.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Você me conhece: eu faço tudo errado

Porque você era muito melhor que eu.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Da série Diálogos Interessantíssimos V

C. - É porque tu já tem toda uma bagagem, né friend?
A. - É, é verdade...
N. - Ah, eu também tenho uma bagagem, só que a minha é um pouco menor que a dela... é uma bagagem de mão!

domingo, 11 de janeiro de 2009

uma pequena homenagem

"(...) - Tu é um absurdo pra mim.

Eu adorava quando tu me dizia isso, eu adorava ser isso: um absurdo. E eu era muito mais que isso; era tua pressa, tua gritaria, tua dor, tua sangria. Eu era tua. E até nas vezes que tu não me queria, tu não conseguia me dizer não. Porque todos os nossos nãos eram meus, e pra mim, você só dizia sim. Reclamava comigo porque eu não conseguia ouvir uma música inteira, dormia balançando a perna, falava no meio do filme, cantava desafinando e jogava o cabelo na tua cara de manhã cedo; mas nunca me dizia não. E eu nunca tive certeza disso enquanto a nossa vida era uma vida só. Tu nunca deixava eu ter certeza, porque sabia do meu pavor de certeza. Eu precisava sempre da dúvida. A dúvida sempre me foi muito mais atraente. E mesmo tu me olhando com a maior cara de apaixonado do mundo, eu duvidava que você me amava. Passei todos os nossos dias duvidando, e hoje, logo hoje, resolvi abrigar a certeza do teu amor, dar-lhe um quarto de hóspedes, comida chinesa e minha coleção de dvds, porque com tudo isso, ela não vai embora nunca mais. Porque nessa terra fria, essa certeza me faz dormir em paz. E logo antes de dormir, eu lembro que, enquanto algumas pessoas ganham o amor à prestação, eu ganhei de uma vez só, à vista. E sem desconto de 10%. Todo amor que houver nessa vida, já houve pra mim. Ponto final. Não tem outro nem outros, because babe, it’s you."



ela já sabe do que do estou falando.

Da série Oldies I

Eu queria dizer a ele que o deixei porque tomei um banho de coragem heróica e resolvi viver, porém mais uma vez fui covarde e não consegui. E aquele silêncio me incomodava muito. Demais até. Mandei que ele me xingasse, me desconstruísse na sua memória, que retribuísse na mesma moeda ou até pior o que eu tinha feito. Mas ele ainda se reprimia. Mesmo assim, não desisti e só bati a porta quando ele arregalou os olhos, ficou com o rosto em brasa e fez exatamente o que sempre fazia: me obedeceu.




(2007)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Da série Diálogos Interessantíssimos IV

- Po, esse negócio de Lei Seca é foda mesmo, me obrigou a abrir mão de um dos meus vícios!
- O de beber, né?
- Não, o de dirigir mesmo...