sexta-feira, 13 de junho de 2008

Da série Lavando a alma II

Quem sabe um dia você se cansa disso tudo, volta e sossega num canto dos muitos cantos que guardei pra você. Eu vou esperar porque sempre estive esperando, e é assim só. Nunca me cansei da espera, apesar da exaustão que às vezes me assalta o ânimo, de repente. Me vem nas tardes um cheiro que me lembra a sua casa, um riso que me lembra o seu, alguma coisa de outra coisa ou outro alguém que invariavelmente me remete a algo que só há em você. É insuportável, por um segundo ou dois. Depois não sei.
É tanta coisa junta, baby. É tanto beco sem saída, túnel de luz queimada, gente sem juízo. Tanto desabafo que quero desabafar mas guardo. Tanta orelha sua que eu quero mas você não está. Tem muito vazio pra preencher, não dá pé.
Figuro no pesadelo de uma criança, penso, onde há lobos uivando loucos à espreita, na beira da estrada. Ando tão sem defesas, na estrada. Na curva da sua boca há um abismo, eu lembro. O último talhar do escultor, a curva do seu lábio inferior, como uma provocação do gênio. Não nasci pra resistir a isso, nasci com desespero. Você me provoca uma loucura de náufrago, e eu à deriva não sei remar, então desmaio a alma e deixo o coração batendo. Sozinho, doido, bêbado, vadio, diabo, vazio, vazado, todo carcomido. No meio de tanta gente, tão cansado, tem vezes que é pior que morrer. Quem sabe um dia eu nasça de novo, num parto de outro.



do blog http://www.eunaoseitrigonometria.blogspot.com/


ai ai, nem se tivesse sido eu que tivesse escrito.

2 comentários:

Unknown disse...

que iso, jente?
me pasei con esi post, to chó.
beijo me linka!

Wanessa Oliveira disse...

Passei por aqui muitíssimo por acaso. E não é que fiquei?! :)
adoreii seus escritos.. parabéns ^^