domingo, 8 de junho de 2008

verborragia

Por enquanto vou vivendo, fazendo a Maria Moura aqui e acolá, enfrentando a morte, te inventando nas esquinas, chamando teu nome bêbada pelos inferninhos do Recife, te contando pra todo mundo, cansando os ouvidos das meninas com essa paixão que vai-e-volta que nem ioiô de menino... até... até o veneno sair. Até você parar de borrar o lápis preto do meu olho, de roubar meu sono, de fazer furos no meu coração pra fazer escoar sangue pelos buraquinhos que nem canoa furada, de ser tão egoísta e pegar meus pensamentos todos pra você. Até você parar de escrever seu nome nos outdoors e calçadas da cidade. Até tua tesoura que faz coração de papel num piscar de olhos ficar cega. Até eu ter coragem de entrar no mar pra ele lavar de vez tuas marcas da minha pele. Ou tomar um banho de pinho sol pra desinfetar os micróbios que você deixou em mim e sal grosso pra tirar tua uruca. Até eu esquecer tua imagem ou, no mínimo, parar de lembrar dela o tempo todo. Até eu conseguir cuspir a última gota da saliva que você deixou na minha boca. Até eu parar de me arrepender sei lá de quê. Nisso tudo, eu só queria voltar atrás e parar de me arrepender exatamente de não ter te dito uma coisa naquele dia, o último dia, a véspera das cinzas: eu gosto de você.

Um comentário:

Laurinha disse...

ai, nêga!
desabafa que ajuda...um dia a gente cansa disso tudo!
lindos, lindos esses teus verbos.
te amo.
=*